sábado, 3 de dezembro de 2011

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Clandestino







Minha memória sertaneja, cheia de mandacarus, bem-te-vis, cheiro de aroeira e pau d'arco,
minha imagem-mensagem subliminar ao ar que respiro, enche o pulmão de liberdade na montanha da cidade grande. 
Meu Cristo Redentor, meu Padim Páde Ciço, em tempo de aflição, festejo o carnaval, boto o bloco na rua, alma nua e crua, não me amarra dinheiro não.
Meu sertão pão de açúcar, mel mandassaia, valha-me Deus de alegria, minha Bahia Rio de Janeiro, o ano inteiro te vejo e meus olhos de saudade invade o chão de terra batida, mar de Ipanema, cidade garantida proibida, arranjar meio de vida, Margarida, pra você gostar de mim.
Foto e texto: Guto Carvalho Neto

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Nobre passagem


Passar (v.t.) - Ir de um lugar a outro, ir através, cessar, desaparecer, elevar-se, ser transmitido, mudar, ultrapassar, tolerar, deixar passar os erros. Sofrer um aborrecimento, uma dor, uma desagradável necessidade. Passar o tempo é empregá-lo em alguma coisa.
Aconteceu de eu passar o olho em algo transmitido naquele momento, numa praça em Buenos Aires, não me permitindo passar batido. Alguma coisa me bateu fortemente. Era a imagem de um um nobre homem que ali estava, simplesmente empregando o seu tempo em alguma coisa. Aquela cena digna de uma grande tela me deixou tão hipnotizado, que confesso quase não conseguir registra-la, era eu, era você, era uma passagem de alguém talvez tolerante, talvez sofrido, talvez elevado. Alguém que passava com maestria, uma imagem visual incrível, nobre como o tempo, senhor tão bonito, tambor de todos os ritmos.
Pensei em caminhar até este nobre rapaz e descobrir um pouco mais sobre o enigma ao qual me hipnotizara e após rápida reflexão, não me senti no direito ou talvez digno de dirigir-lhe a palavra sem que me houvesse permitido, então guardei a minha nobre imagem registrada e segui em frente, intrigado, feliz, nostálgico, passando por um momento único, passando de um lugar para o outro, elevando-me e seguindo.
Guto Carvalho Neto, vinte de abril de dois mil e onze.

domingo, 10 de abril de 2011



"Você mora onde você mora, faz o seu trabalho, come o que você come, veste as roupas que veste, olha para as imagens que vê.
Você vive como pode viver. Você é quem você é.
Identidade” de uma pessoa, de uma coisa, de um lugar.
“Identidade”, só a palavra já me dá calafrios. Ela lembra calma conforto, satisfação.
O que é identidade?
Conhecer o seu lugar? conhecer o seu valor? saber quem você é? Como reconhecer a identidade?
Criamos uma imagem de nós mesmos e tentamos parecer com essa imagem. É isso que chamamos de identidade? A reconciliação entre a imagem que criamos de nós mesmos e nós mesmos? Mas quem seria esse "nós mesmos"
A identidade está fora. Fora de moda.
Exatamente. Então o que está na moda senão a própria moda?
Por definição, a moda está sempre na moda.
Identidade e moda seriam coisas contraditórias?
(...) O mundo da moda? Estou interessado no mundo, não na moda.
Mas talvez eu tivesse desprezado a moda rápido demais. " (Introdução do filme Identidade de Nós Mesmos-Win Wenders)


Desde a primeira vez que vi esse filme, há mais ou menos 6 anos, fiquei refletindo sobre essa introdução mas não tive vontade de escrever. Só agora, depois de algum tempo e várias reprises, consigo sentar-me em frente ao computador para escrever algo sobre esse assunto intrigante, que me consome no exato momento em que decido fazer algo que tenha a minha identidade, uma coleção que tenha a minha cara, o meu registro geral. Acabo de perceber que preciso fazer uma desintoxicação de registros alheios, aqueles que nos fazem amar muito tudo isso, curtir aquilo e adorar o que a maioria adora, mas será que esses registros são realmente alheios?  será que devo iniciar a busca pela minha identidade que nunca me preocupei em encontrar, por achar tudo isso muito confortável? Ok, então acho que devo começar pela raiz, o que tem em meus documentos, as informações precisas e os donos da história, o meu roteiro original, sem adaptações, a não ser as expontâneas, que chamamos de decisões da vida, necessárias pra justificar algo mais a frente.
Então começarei do começo, fazendo uma viagem para o lugar de onde vim, olhar em volta e ver o que realmente sou, o que realmente é meu, o meu registro. Acredito que isso seja encantador, ou melhor, uma viagem sem volta para o meu registro geral. E depois, os registros serão originais.

sábado, 9 de abril de 2011

força que nunca seca



Seca de mato verde, de brilho farto, de alho em trança que se entrelaça nas tiras do chapéu.
Manto de rei austero, de alma doce, de coração
seca de falta de chão, seca de escuridão, vento que traz saudade sombra que traz o pão.